sexta-feira, 28 de junho de 2019

Dia 3 - No topo da Ilha!

Roque Nublo!


Depois de termos visitado Las Palmas (↗) e a Caldera de Bandama (↗), a fasquia estava elevada. Embora o Jardim Botânico Viera y Clavijo (também chamado de Jardim Canário) tenha sido uma pequena desilusão (esperávamos mais, sinceramente), Las Palmas encantou-nos pela sua beleza e genuinidade, e Bandama encheu-nos as medidas com as suas paisagens e vistas. O dia de hoje iria ser para fazer uma contagem de montanha de 1ª categoria. O Roque Nublo estava à nossa espera!




A caminho!


Saímos pouco depois das 10h, depois de tomarmos um bom pequeno almoço. Uma garrafa de água para o caminho, comprada no supermercado, e ala que se faz tarde. Tínhamos duas opções para fazer o trajecto até Tejeda, que seria o nosso ponto mais distante, ou por Mogán, ou por Fataga, passando por Maspalomas. Optámos por ir por Mogán e vir por Fataga, para fazer um circuito completo.


A ida...

...e a vinda.



Seguimos como de costume pela já nossa conhecida GC-1, até ao final, onde se segue para Taurito e Puerto de Mogán, ou para Mogán e para o Parque Rural del Nublo. 





A paisagem aqui já nos mostrava o que iríamos encontrar, montanhas e mais montanhas. os barrancos ou ribeiras são comuns por toda esta zona, devido à geografia da ilha.

Mogán seria a primeira terra por onde iríamos passar, e como se costuma dizer não tem nada para ver. Mas antes de chegarmos ao povoado propriamente dito, encontrámos um dos ícones da Gran Canaria, o Molino Quemado ou Molino de Viento. Este moinho que já é considerado Bien de Interés Cultural (BIC) desde 2008, vai ser dentro em pouco museu, podendo ser visitado o seu interior.








Quase em frente, 50 metros antes, existem também umas peças gigantes, que ficámos sem perceber muito bem o que representavam. Provavelmente uma mania de um habitante, que quis chamar à atenção!

Como tudo isto ficava na nossa rota principal e como passamos a entrada do estacionamento que tem do outro lado da estrada, a passagem foi fugaz. Também, havia mais para vermos, e ainda estávamos no início!



Parque Rural del Nublo


Saindo de Mogán, continuámos na GC-200 durante sensivelmente 2,5 km. Uma placa indica a povoação de Tejeda e a Presa las Niñas, uma lagoa artificial que nas suas margens tem um parque de campismo muito procurado por quem aqui vem. Os pescadores têm aqui também um local para porem à prova as suas capacidades, como reparámos ao passar por lá!

















São 26.000 hectares que este parque tem, conta com cerca de 30 pequenas povoações e é reconhecido como Reserva da Biosfera pela Unesco. Tem miradouros com vistas incríveis, estradas sinuosas,  que aliciam alguns ciclistas a fazerem a subida, zonas de lazer, pinhais, lagoas artificiais, trilhos (para os mais corajosos!), e é também um local muito procurado para escalada.



















 Corajosos!!!













A escalada é uma das actividades que aqui se fazem



A altitude desta cordilheira faz que que surja um fenómeno chamada Mar de Nubes (mar de nuvens), que estagnam na costa norte das montanhas, permitindo que a parte sul fique limpa e com óptima visibilidade. É possível ver ao fundo o alto do El Teide, em Tenerife, uma das ilhas vizinhas!






Tenerife e o seu monumental El Teide!



É aqui no Parque Rural del Nublo que se encontra o ponto mais alto da Gran Canaria, o Pico de las Nieves, com 1949 metros. No entanto o seu ex-líbris e que empresta o nome ao parque, é o Roque del Nublo (1813 metros). A forma peculiar deste monólito, com cerca de 80 metros de altura desde a sua base até ao topo,  levou a que fosse adorado pelos antigos aborígenes, que o consideravam um local sagrado.

A subida até à base tem que ser feita a pé, cerca de 3,5 km, e está devidamente sinalizada.











Outro dos rochedos que rasgam a paisagem, é o Roque Bentayga (1414 metros) (na verdade são 3 rochedos), que os nativos acreditavam ser o local que unia o céu e a terra. Aqui há um centro de interpretação, com entrada gratuita, que pode ser visitado entre as 9h30 e as 16h30 (última entrada às 16h00)











Para cá chegar é simples, é a caminho de Tejeda, está bem sinalizado com placas na estrada. Cerca de 5 km antes de chegar a Tejeda, seguir pela GC-607 durante cerca de 2 km





Tejeda, uno de los pueblos más bonitos de España!


Tejeda era o destino que tínhamos definido, e finalmente chegámos. A estrada é boa mas sinuosa, o que torna a viagem mais demorada, mas aqui a ideia é ir parando em vários pontos, aproveitando a paisagem e encher os pulmões de ar puro da montanha.  Placas na berma da estrada vão publicitando o pueblo de Tejeda como um dos mais bonitos de Espanha! A ver vamos então!







Tejeda fica numa localização privilegiada para se poder apreciar os dois roques que já falámos, o Nublo e o Bentayga, como se pode ver acima.  À entrada do povoado existe bastante estacionamento, tanto na berma da estrada, como num parque fechado mais à frente (virar à esquerda depois das bombas). E é bem preciso, porque aqui em Tejeda, o centro é todo pedonal. De referir que não se paga. Antes das bombas de gasolina encontra-se o posto de turismo, para quem quiser mais informações


Entrados em Tejeda, descendo para o centro (pedonal), surge uma esplanada/miradouro à esquerda, com umas vistas lindíssimas (eu sei que me estou a repetir, mas são mesmo incríveis! ). As casas são caidas de branco, e as varandas típicas em madeira surgem um pouco por todo o lado. A amêndoa aqui é rainha, e ao passar por uma pastelaria ficamos a salivar só de sentir o cheirinho dos doces!




















Ao lado da igreja Nossa Senhora do Socorro, um largo com umas convidativas mesas foi o nosso poiso para uma caña e esticar as pernas







Mas aqui em Tejeda (perdoe-me quem tiver opinião contrária), tudo nos pareceu muito artificial e feito para o turismo. É bonita e engraçada, tem pormenores giros, tem uma localização privilegiada, mas daí até ser um dos pueblos más bonitos de España, vai uma grande distância. Fazendo uma comparação, parece um pouco Sabugueiro na Serra da Estrela (salvo as devidas diferenças). Não deslumbra, e penso que a publicidade feita a Tejeda nos leva a esperar muito mais. Mas de qualquer das maneiras, vale bem a visita! E os doces de amêndoa, também...





San Bartolomé de Tirajana



Estava a chegar a hora do almoço (à espanhola, claro está), decidimos não comer em Tejeda, e sim procurar um local menos virado para o turista. É sabido que nestes locais por norma as contas são maiores, e por vezes a comida não é das melhores, embora víssemos alguns pratos com bom aspecto, com as tapas e pinchos sempre em destaque. E prontosss, não achamos que este fosse um dos pueblos mais bonitos de Espanha! 😁😀

Seguimos pelo trajecto que já tínhamos delineado, e pelo caminho fomos encontrando algumas povoações, com restaurantes à beira da estrada. Até que chegámos a San Bartolomé de Tirajana. Estacionámos à beira da câmara (grátis), e entre as duas ou três opções que vimos, escolhemos uma esplanada muita simpática à beira da igreja. 























Aqui realmente sentimos que estávamos fora da rota turística, e por momentos, sentimo-nos um pouco espanhóis! 😁😁😁

San Bartolomé de Tirajana, ou Tunte, como é chamado o centro, é também o município de que fazem parte as comunidades de Maspalomas, Playa del Inglés e San Agustin, para citar algumas. Embora esteja numa das estradas principais de acesso ao Parque Rural del Nublo, fica retirada o suficiente para ter um centro pequeno, mas muito bonito, e mantém algumas casas com a traça original, com graciosidade e naturalidade.
Em Tunte há naturalidade na povoação, a mostrar exactamente como é, e não para o turista ver. Simples e genuína! Há movimento na rua, das pessoas nas suas tarefas diárias, as esplanadas têm gente de lá sentada a beber cerveja, os carros passam e buzinam para os amigos, enfim, o natural! Não acham que é muito mais interessante ver o real em vez de fachadas só para agradar?? 



Comer no D'Romeria!


O D'Romeria foi o restaurante que escolhemos para repor os níveis. Como estávamos com alguma larica, tratámos de pedir um prato de serrano mal nos sentámos. Atendimento bem simpático e rápido, apresentaram-nos a lista, e disseram-nos quais eram os pratos do dia.  








Escolhemos um estufado de polvo com garbanzos, e que estava uma delícia! Confesso que foi um tiro no escuro, não sabíamos o que eram garbanzos, mas o senhor que nos atendeu disse que era muito bom, e portanto, aceitamos a sugestão. Havia no entanto boas opções na lista que nos apresentaram, e com bons preços!

 





Enquanto almoçávamos fomos apreciando as conversas das pessoas, e o algum movimento que aqui se fazia sentir. Afinal, estávamos numa zona central, ao lado de um banco, da Igreja e da Câmara! O tempo estava quente, o carro marcava mais de 30 graus, e as sombras eram procuradas por toda a gente. As esplanadas à sombra eram portanto um dos spots aqui de Tunte. E que bem se estava!











Seguimos bastante satisfeitos com este D'Romeria, onde comemos muito bem e por um preço bem justo. Fugir dos centros turísticos tem também mais esta vantagem, os preços não são inflacionados, poupa-se dinheiro e come-se muito bem!




Degollada de La Yegua


Retomámos a nossa rota pela GC-60, em direcção a Maspalomas. Fomos passando por algumas povoações, muitas fincas, um parque temático e barrancos sempre a acompanhar a estrada. Aqui na Gran Canaria, um dos produtos mais procurados é o Aloe Vera. Há muitas quintas de produção deste cacto, que tem qualidades medicinais mais que comprovadas, sendo utilizado por exemplo para tratamento de queimaduras na pele. O clima seco e árido e a proximidade com África fazem com que aqui seja um local propício para o seu cultivo.








Fataga e Arteara (onde há uma necrópole pré-histórica) ficaram para trás, e para o final, estava guardada mais uma (boa) surpresa, num dos locais mais impressionantes que fomos,o Mirador Degollada de La Yegua!

Embora aqui já não se esteja a muita altitude, a geografia fez aqui um belo trabalho! O 
Barranco de Fataga  que nos acompanhou ao longo da estrada, estende-se por 15 quilómetros, e dá-nos uma perspectiva perfeitamente arrebatadora! Ao fundo, pode-se ver Maspalomas e as suas famosas dunas, e também o mar, tudo aqui tão perto!


Dica:► Atenção ao ir aos miradores, nunca deixar nada à mostra e trancar sempre o carro. Por vezes facilita-se nestas situações, porque se está ali à beira, e podem acontecer amargos de boca. Quem diz miradores, outros locais também, é claro!






























Assim finalizamos o nosso roteiro para este dia. O percurso faz-se bem, com estradas não muito largas, mas boas. Ao longo do percurso, vão aparecendo sempre uns pontos para parar, sejam miradores ou só uma escapatória. As paisagens são impressionantes, e de rara beleza, com montanhas e vales, barrancos e lagoas, e os Roques, Nublo e Bentayga no topo da ilha.

Os povoados que visitámos foram de consenso, Tejeda desiludiu-nos um pouco, mais pela publicidade que fazem em torno dela, e Tunte cativou-nos pela sua simplicidade e veracidade. Não gostamos de conhecer locais que são como as pessoas querem que os de fora os vejam, preferimos ir ao encontro do que existe na realidade. É quase como a sala que só é utilizada na Páscoa para o compasso, não tem nada de verdadeiro, é só para mostrar!


Este é um dos passeios que aconselho toda a gente a fazer, é obrigatório conhecer esta parte da Gran Canaria, pela sua beleza única e pelas vistas de cortar a respiração. Atenção que no topo pode estar muito calor, o nosso carro chegou a marcar 34º, portanto, é melhor ir prevenido, água e chapéu é bem preciso!

Levem a bateria da câmara carregada, vai ser bem preciso para registar tudo.

Esta Gran Canaria não deixa de nos surpreender. Quando pensamos que já tínhamos visto o melhor, aparece outro local que consegue surpreender-nos ainda mais. E ainda há mais para ver!!



Dica:► Seja que percurso for, Ir por Moguán ou por San Bartolomé de Tirajana, se forem de carro, aconselho irem só duas pessoas. As curvas são muitas, claro, e nos bancos de trás, para enjoar não deve ser difícil! 



E pronto! A nossa varanda estava à nossa espera para mais um final de dia com um pôr-do-sol de grande categoria, juntamente com um Rum Arehucas, que é produzido aqui na Gran Canaria. Não se pode dizer que se esteja mal, pois não?







Para saber mais:


👉 Dia 2 - Las Palmas: À descoberta! (↗)

👉 Dia 4 - Praias e Puerto de Mogán (↗)

👉 Tudo sobre a Gran Canaria!(↗)




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